sábado, 21 de janeiro de 2012

Ana e o mar

Estava pensando nas vezes que já abandonei o barco na hora de ter que sair da calmaria da baia e enfrentar o além-mar. Julgava-me inexperiente para guiar pelas estrela, fraca demais para remar contra a maré, inconstante demais para não enjoar e sempre optava por ficar. Agora, o mar novamente se aproxima e junto a necessidade de fazer escolhas. Estou muito assustada. E não é por temer os segredos e incertezas que se escondem no grande mar, e sim porque, desta vez, estou muito mais curiosa e inclinada a saber o que há do lado de lá...

Anaclara de Castro

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012


- Julieta minha querida pequenina, tão ingenua, doce, sofrida. O que decidiras?
- Nada que posso dizer. 
- Como assim?
- Amma a tempos que não comando minha vida, ou melhor deixei de acreditar que sou dona dela. Nela se vem, nela se vai. Ao tempo, destino, acaso, poder maior seja lá o que for, pertence, o que um dia pertencerá a mim. 

Nayara Alvim.






Petites Morts

A gente morre um pouco
Quando nasce, quando cresce
Quando muda, quando perde.

A gente morre quando
Vai embora, quando chora
Quando goza, quando dorme.

A gente morre sempre
A cada passo, a cada hora.

A vida é vã
A morte, enorme. 

Cairo de Assis Trindade.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

E de repente você acorda no meio da noite, chorando, implorando para obter sua vida de volta. A dor é devastadora, acaba com seu dia, sua semana, seu mês. A esperança escapa de suas mãos como moedas entre os dedos, simplesmente ao se refletir inúmeras vezes que isso ocorreu tem a resposta que sempre esta perdida, sempre estará.


Nayara Alvim.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012


Sinais

Pairada diante do céu nublado admirando os contornos das nuvens e atentamente observava a luz de várias formas condensar o céu no clarão. Luna não havia dormido essa noite, como ontem e antes de ontem. Em sua face marcava o que tanto ela teimava em não se importar, o cansaço. Luna estava a espera a dias, nebulosa talvez a inércia, não havia fome, não havia sono, apenas dor.
Vagava pelos cantos do rancho vazio e quieto. Era outono a brisa estava fria e as flores amareladas. A secura se destacava na pequena azaleia, pobre coitada com os galhos secos e sem cor, não era como antes, pelo contrário ela aparentava estar desgastada. Este frio rigoroso não é tão justo.- murmurou Luna.
Luna sempre dizia que o tempo era o melhor remédio, que nele a dor se vai e vem, que nele a alegria corre e a sorte passa pela forma de esconder, é preciso ter atenção. Luna a tempos já não sabia o que fazer, angustiada, aflita.
Com o contato na mão, lá estava escrito o que precisava para sua busca. Não havia muito o que confiar era arriscado de mais, talvez pensara que fosse melhor esperar, relaxar a mente e deixar fluir. Mas a tempos em que Luna esperava por isso, quando encontrará no armário de sua prima, na gaveta mais escondida e dificulta, presa com um cadeado no qual olhando ao seu redor com atenção rapidamente achou a chave e pronto. Lá estava. Ela havia escondido. Luna imaginou que certamente sua prima queria lhe poupar da dor. De forma agiu anotou tudo o que precisava, empurrando novamente a caixa a dentro e guardado a chave onde havia pego saiu as escondidas diretamente para o seu quarto. E assim se passaram dias, Luna ainda paralisada, mal sabia o que deveria ser feito. A dor trastornava seus sentidos, dificultava sua respiração, alterava seu humor e simplesmente concluía que nada fazia sentido sem seu amado, sem teu perdão.
Sabia bem que deveria seguir em frente, esquecer de tudo e tentar novamente. Mas no momento só desta questão aparentar em seus pensamentos era uma blasfêmia, Luna queria viver aquele momento, a perca do seu amor de forma brusca foi mesmo difícil, injusta. Aquilo pertencia sua vida aos seus momentos e ao tudo a seu redor.
Estava fim de tarde e Luna sentada sobre a cadeira maciça observava o horizonte tentando refletir e de alguma forma absorver tudo aquilo de forma mais clara, o que tanto estava estampado em sua frente aparentou a melhor saída, seu coração palpitou forte no momento em que uma folha caiu sobre seu colo, logo a reconheceu  da pequena árvore de azaleia próxima ali, o que foi estranho, pois todas as folhas se encontravam mortas e sem cor. A folha que caiu em seu colo não era comum, com um sombreado de verde claro sobre a cobertura do musgo da flor, sorriu internamente ao ver que ela lembrava a primavera, época de cor, liberdade das flores e a beleza tão esperada. De alguma forma veio como a resposta que tanto procurava para sua aflição, ela era única e com uma ou duas estações pela frente logo chegaria a hora, era preciso se preparar. Luna ergueu novamente o olhar para os últimos raios de sol que condensavam o céu naquela tarde, o sorriso chucho que estampava seu rosto angelical estava presente a esperança, ela havia retomado. Com uma simples folha que caiu em seu colo naquela tarde de angustia. A resposta veio em suas mãos.
- Se foi certo esse sinal tempo, seguirei o que me foi informado irei esperar.

Nayara Alvim.