terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Eu não sou o bastante

  Foi-se o tempo em que eu reconhecia algo aqui, eramos como Romeu e Julieta. Amor impedido, acobertado, guardado apenas dentro de nós. Aprendíamos a lidar com a situação com o tempo, a saudade, a distancia, tudo sempre tão difícil... Mas ali existia um dos laços mais fortes que tive a sorte em conhecer, o sentimento puro, a vontade de ficar junto, existia ali algo muito mais do que um amor comum. Ao menos era isso que eu achava... 
  Eu te procurei em ruas escuras, noites de desespero e angustia. Mal pregava os olhos, fazia questão em te esperar. Ficando com o coração na mão. Eu errei muitas vezes, eu sei. Mas tento entender, tento montar pedaços dessa quebra cabeça sem fim e não consigo! Dentro de mim apela para qual quer outra explicação a não ser a dura e velha verdade. A vida nos encaminhou para outros caminhos, ao menos você os seguiu.... Pois ainda sim, boba eu, continuo ali na espera de um sinal que possa me dar esperança para continuar. Você se perdeu? Eu estive a todo tempo do seu lado para segurar sua mão.... Ou não era você que estava ao meu lado? Apenas uma parte? Então todo este tempo que estive vivendo ao seu lado estava apenas com uma parte do seu eu? O que te desprendia a mim? O que descordava? Sempre incompreendida? Perguntas que me fazem ficar ate mesmo zonza, eu não sei lidar. Sei o quanto dói ter um amor perdido, uma parte de você por ai a fora, andando e tropeçando sem ter ideia do que acontecerá, que perigos podem acontecer, que feridas mais iram aparecer ou o que pulsa com maior dor aqui dentro, quando encontrar alguém melhor que eu. 
  Esse é o problema de se entregar como nunca havia feito na vida, abrir portas para o amor sem medo e despencar nesse penhasco sem fim, confiando em "nós" e mais nada. Eu tentei, tenho a maior certeza disso, nunca quis tanto algo como quis você. Mesmo sem querer, mesmo implorando a mim que me segurasse, eu ainda lhe procurava. "Não é no sentido de não querer mais e sim no sentido de não poder e não dar mais" nunca uma frase me derrubou tanto. Assim eu entendi. Finalmente eu entendi. 
  Vou apanhar da vida ainda, sei que vou apanhar de você também, com seu afastamento, com suas mudanças, com seu jeito seco de me tratar. Seja o que for, eu irei aprender de uma vez por todas que isso nunca foi para mim. O medo era besteira? Não, eu sei o quanto doí e não faço ideia de quando ira passar. Eu não quero isso para mim, eu não quero ser fraca, eu não quero implorar para que fique comigo, não quero que sinta pena de mim. Apenas queria acertar uma vez se quer, uma vezinha. Que a vida ao invés de me cortar em mil pedacinhos me amontasse e me deixasse assim por infinito tempo. 
  Você seguirá sua vida, conquistará alguém fácil. Consegue ser encantadora e amável como ninguém que eu havia conhecido, sabe disso. Tem a alma ferida, é sentimental mesmo que durona, consegue ser galante, engraçada, brincalhona. Tem lá suas manias, seus rituais ate mesmo para dormir. Inventa, muda os nomes do que você gosta, é meiga, é criancinha, madura... Conquista ate mesmo quem só olha de longe. Feita para ser amada, para ser cuidada. Mas eu não fui capaz, não fui o bastante não é mesmo? Seja quem for esse alguém que terá daqui para frente a chance de poder seguir com você, de te fazer feliz, será sem duvida a pessoa mais sortuda desse mundo. Ao possuir a peça defeituosa que trará sentido para tudo, ate mesmo no sorriso que carrega ao despertar durante a manhã. 
  Com toda minha sinceridade escrevo mais um de meus rabiscos... 


Nayara Alvim.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Eu não tenho muito a oferecer...

Um quarto bagunçado cor de nada. Uma rotina monótoma e desinteressante.Tenho livros de contos e poesia, posso fazer café bem forte quando a noite vier e o sono faltar. Tem a vista linda que da do meu quarto para o céu lá fora, na qual não me canso de ver nunca. Tem minha companhia chata e grudenta. Feita hábitos, costumes e eternas manias. E o péssimo azar de gaguejar e corar rapidamente a cada errinho cometido. Tamanho nervosismo! Perceba também que sou ciumenta ou mais, possessiva. Por cobrar uma atenção mais do que demasiada e de forma alguma gostar da ideia que te olhem com desejo. Que você fique longe de mim. Mas também sei que tenho ardor na alma, desejos de loucuras que pode lhe arrancar o folego, lhe faz explodir de tanta alegria. Estava em nossos sonhos...

Não tenho uma beleza estonteante para te encantar todas as manhãs quando acordarmos, mas tenho carinho e um sorriso sincero a oferecer, todos os dias. Não sou interessante, inteligente e poderosa. Sou uma meninota que ainda esta aprendendo o que é a vida. Não sou de novidades, não de muitas. Minha vida é quieta  e meus problemas são confrontos de tempos e tempos atrás. Não tenho uma casa enorme com um jardim lindo como sempre sonhávamos em ter. Apenas tenho um comodo de quatro paredes que chega ser aconchegante e se quiser, pode chamar de nosso.

Sou manhosa, tenho medos bobos, pareço ainda uma criança com uma descoberta a mais, apenas. E tenho um vazio enorme em não te ter por comigo, agora. Você partiu sem mim...
Eu tenho tudo isso e um sentimento sincero do tamanho do universo para lhe oferecer. Amor.
Assim vejo que não é muito apesar de antes parecer suficiente para lhe ter junto a mim...

Eu não tenho muito a oferecer, amor...

Nayara Alvim.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Um certo ninguém

Ando por ai vendo reflexos embaralhados... Na água, no café, na poça de água que encontro no jardim enquanto a chuva escassa trás o brisa fria, nos espelhos embaçados dos corredores vazios, em todos os lugares. Reflexos quebrados, a visão esta confusa, meio perdida, menos centrada. Não sei o que vejo ou se ainda vejo mesmo algo. A quietude permanece durante esses temporais, é melhor, não a nada a ser feito mesmo. Na macies do estofado ajuda a me acolher um pouco, sento, me encolho e viajo a mil em minhas confusões. Passa raiva, passa saudade, passa dor, passa felicidade, ate passar tudo e não sobrar nada. Vazio. Esta faltando uma parte, na qual sei o que é exatamente. Unica, complexa e valiosa, a que procurei por tempos sem saber que procurava, a que encaixou perfeitamente e fez o sentido no que precisava. Mas eu perdi... E por isso me embaralho novamente, me desentendo, me desconcerto. O tempo paira e os segundos não correm, ta difícil. Procurar a resposta mesmo já sabendo, tentar manter o que não a mais. Aceitar que a vida muda e as pessoas também. Mas você não, apanhando e apanhando. Faz parte. O drama comanda tudo ate tudo ser nada. E se perder e se perder, agora eu entendo e depois não.

Nayara Alvim

terça-feira, 30 de outubro de 2012






Reflexões

(conto)  Havia uma pequena alma de criança presentes nos assombros dos restos deixados para trás, que pairava tentando rever, buscar partes de sua memória que falhava com frequência uma lembrança que pudesse comprovar tudo. Procurava com aflição e agonia achar rapidamente o que procurava, no intuito de acalmar o que dentro tudo revirava. Seria mesmo possível ter esperança com registros antigos do que já passou? Ou isso não se passava de uma mera vaidade de pensamentos bons? Queria mudar tudo, voltar no tempo, concertar erros que não deveriam ter existido.
    Laço que se alto destruiu pelas atitudes de ambos as quebras da ampulheta. De fora sem poder mexer um dedo, nem se quer abrir a boca. Cabecinha inocente, mas esperta, entendia tudo. Chorava. Via o perdão como algo mais próximo da realidade do que as almas já velhas viam. Era tudo mais fácil, mais simples... Bandeiras de paz estendidas ao campo de batalha. Acontece que tudo se passa como uma guerra nesse lar, há fases piores, como há fazes melhores. Mas nunca a o fim. Costumam traçar seus tiros com alfinetadas, suas críticas com indiretas, suas lágrimas as quatro paredes onde o outro não pudesse ver.
  Dessa vez houve um desencontro da formação do acordo, o que antes era parcial, hoje vimos a olhos nu. Almas piando, pedindo abrigo, sem saber para onde ir. Os prendedores faziam "tec tec", enquanto todos se afogavam na ribanceira de lágrimas. Sabe o que aconteceu com a alma pequena? Ela se escondeu, para sempre agora, acredito eu. Cansou de aparecer e de tentar reviver algo que ao menos nem lembra se existiu. Sua vida foi marcada por esse laço que gerou alguns traumas e medos bobos... Foi afetada de mais e esta fraca por toda descrença de uma família VIVA.
  Espero eu que essa alma não cresça completamente, que não esqueça de seus princípios e não pare de acreditar em que tudo um dia possa se resolver da forma simples e visível. Porque o que a de mais triste em toda essa perdição é ver que a resposta esta bem a sua frente e simplesmente ACABAR.
  Pobre alma branca.

Nayara Alvim.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Feito boba

Esses fetiches conduziram a algo tão bom que mesmo hoje não sinto meus pés, a cor das flores voltam, os pássaros ganham mais vidas ecoando ao ambiente tranquilo, o sol condensa as colunas na calmaria destacando formas e dando vida a mais um dia lindo. Não importando o tempo que esta, o relógio esquecera de existir. Começo a aprender a analisar mais o céu, afinal nada importa. Não é mais esperar condutas do velho coração que a período de tempo atrás deixara de existir, dizendo bem, se escondeu por não aguentar mais. Deixou de uso e colocou-me a seguir vazia. Ele é teimoso, não se cansa. Foi lá vendo a oportunidade e saltara tão alto que posso jurar que conseguira ouvir. Tudo parte da alegria, do alivio, do completar. E na mais absoluta certeza contive falar, mas agora era diferente. Diferente no sentido bom. Era visto a olhos nus, claro e não obstruído, não tanto... Uma etapa se passou daquela que era um aprendizado, um preparatório. Mesmo estando completamente boba e encantada a primeiros segundos tudo se eleva sempre mais, a repetição disso pode causar cansaço, mas é algo tão diferente, tão novo, que não me contenho em falar que é bom, que é incrível.
Espionar de silencia, seus olhos, contornos e expressões. Capturando formas em ate te imitar bem. Mil jeitos de sorrir, mil formas de olhar, de se tocar ao mexer no cabelo. A forma com que se muda, como se move. Tons da sua voz, um, dois e três, alma pura. É mais do que ver, do que analisar é sentir a corrente elétrica invadir seu corpo como um desafio. E então é só imaginar.

Nayara Alvim.

domingo, 26 de agosto de 2012

(via: Sereia de Vidro)

Permitir

Você dizia:
-Eu não sei lidar.
Instintivamente, ergui o olhar de relance, mas logo senti o calor de minhas bochechas e meu corpo estremecer. Voltei timidamente a flertar o chão. E respondi:
- Eu também não.
O que em minha garganta fica presa em dar nós, o coração aperta e o vazio continua a aumentar. "Querer ouvir o que não tens a dizer". E ver que tenho tanto o que falar... Silenciar a não trazer tumultos nem dor. É loucura e pode ser doença, pensar que são sempre meias palavras. Por querer, querer ouvir. A resposta que não real.
-Então menina da cabeça de algodão, pare de sonhar.
- Mas eu não sonho.
- Delira.

Nayara Alvim. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012


Desde sempre, meu eu

  Quando o vazio abomina minha fobia sóbria e ingenua não a nada que cure meu pesar, vivencio ataques irracionais. Levada a loucura e ao desespero manjo o corpo parado, domino parte do espirito que falta de luz. Alma vivida e bem vivida, sofrida ao destino concretizado, nada se compara a idade, o passar de anos se tornaram décadas. Os calos e cortes aparecem no corpo cansado, exaustivo da transição. Ao olhar os confins dos horizontes mais distantes peço ao tempo que leve daqui a dor da inquisição, que monte pedaços de mim apague-me de memórias. Que distorça tecidos selados e nós gastos dificultados ao tempo passado, abranja-me com a paz espiritual.

Lori Duchannes.

domingo, 12 de agosto de 2012


Agora sem coração

Difícil mesmo é admitir fraqueza, um erro seu, uma escolha do tempo ou ate aceitar que a vida lhe deu cartas e cartas, ao inicio e ao meio te favorecendo com o que te fez bem. Mas te arrematando com o final do jogo mais traiçoeiro. O jogo que te mobilizou, lhe atirou ao nada, deixou sem chão. Mais uma vez bloqueou tudo. Avistava uma tela branca e uma conversa conturbadora, doía muito. Os olhos vidrados sem se quer uma lágrima brotou, mas por dentro tudo se quebrava em mil partes. Secou em mim e brotou um gelo, que escorria sem minha vontade. Escondia em mim a voz do silencio que queria gritar, a vontade do rio escorrer e soluçar, a força do corpo de se atirar ao chão. Se quietou por fora o que em mim não cabia mais. O caminho no qual foi escolhido a seguir se apagou, me vi transtornada sem saber como agir. Não avistava nada e mesmo hoje ainda não vejo. Sempre branco.
Ficara a ferida da saudade de tudo pleno, de quando havia sonhos, de quando havia planos e sorrisos doces a mensagem recebida e enviada. Trocas de postais as escondidas, falatório ao amanhecer, lágrimas e chateações apos briguinhas que mal duravam dias. A falta de sentir tudo, de ta com o coração preenchido e alegre. Com a expressão de boba estampada a quem quisesse ver. Os olhos com brilho, que em tempos se cicatrizava e também machucava. Um tempo bom, tempo leve e movimentado. Levado ao sentimento intenso e respostas não concluídas. Tudo sempre as esquivas do fácil, passos cercados de armadilhas em seguida de tropeços e quedas. Quedas nada simples, despenques de penhascos de decepções. Corações magoados que aclamavam pelo não e o sim, os que não desistiram ate o ponto do fim que jamais imaginei. Não da forma que acontecera.
O sentido da razão escapa da teimosia de se apegar ao fim não aceitado, uma parte de mim não esta aqui. A parte que procurei, a parte que perdi,  parte que se escapou sem nem eu ter percebido. Infelizmente a que se encaixou a alguém que me guardou por um tempo.
Um suspiro, pesado e triste. Eu perdi. Perdi pela rasteira da vida, perdi por me entregar, perdi por não me sobressair e esquecer por completo. Perdi porque confiei e depositei uma chance ao destino, que acreditei que seria bom. Perdi você para o mundo, paras mudanças. Perdi pela esquina que te aguarda com luz e um sorriso que não é mais meu. Perdi e não perdi o que se restara, chiche. Esperança.

Nayara Alvim. 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Calada

Sou toda uma explosão iminente, sou aqueles milésimos de segundo antes da explosão, mas não explodo. Calo. Às vezes, penso até que já nasci calada. O cordão umbilical foi rompido, a placenta, expulsa e eu, jogada no mundo. Calada. Não: optei pelo silêncio em vida.

Ludmila Rodrigues.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Justo tempo


Um texto pequeno para resumir que nem o vento sujo da cidade pode falar  "você não faz ideia assim". Minha cabeça nas nuvens não chega a sua rua, minha voz rouca não sussurra. Carta justa, boa conduta, regras a obedecer. Toda terra a varrer de tempo. O silencio diz nada o vento assopra na cidade, e a realidade, uso dela sem viver nela.  Pois é o que se contém, o vácuo que retrata tal forma a ter a mensagem, o sentido é pedido e implorado, a questão de caminhos e formas.  Pode não me ouvir, não me ver, mas a ventos a correr ladrilhas levam-me a sentir e sentir. Você.

Eu e ele.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Não pertence mais a nós

Acho que esse desabafo sera o primeiro de muitos que começa e termina com dor, sem esperanças e nem passos que poderiam seguir a diante, esse é o primeiro de muitos que sintetizam o fim. Se trata de uma tentativa de fuga de ambas as almas que estavam afugentadas e desesperadas com a vida. Cansadas sob um passado frustante e um presente não satisfatório, a vida que se resumia em um vazio sem sentindo. Colocar-se de pé todos os dias sem motivos gratificantes. Foi que se completaram e viveram a mais perfeita ilusão, minutos ali esqueciam de tudo e deixavam que suas mentes e seus corações percorressem a uma distancia que só eles conseguiam alcançar, entrelaçavam uma corrente forte que os unia. Não durou por muito tempo, logo esses minutos chegavam ao fim e o dia dia iam se machucando com verdades e erros que a vida propunha a eles a enfrentar. A cada um se colocava a estender força, coragem, carinho e juízo, como um porto seguro que nunca conseguiram finalizar, este foi mais um sonho.De promessas eram criadas sorrisos, esperança que naquilo dito houvesse sim uma verdade. Nos entendiamos entre palavras e nos sentimentos , mas no silencio havia duvidas e desconfiança. Dali começou a se sair espinhos que iam cortejando em todas formas. Foi se enfraquecendo, ate que o orgulho próprio e o coração colocassem um limite. Dentro que nesse meio tempo ocorreu desentendimentos e perdões desesperados de uma saudade arrebatadora e uma preocupação fora do comum. Mas a partir do momento que o passado voltou a se estabelecer não sendo mais provisório no seu espaço de antes, invadindo algo que sabe lá era justo, ocorreu o corte mais profundo que pudesse haver naquele laço de pouco tempo. Porque não a nada no mundo que mais enfraqueça o presente e o futuro do que o passado. Nele se trás um peso forte de lembranças, de sentimentos, de algo que passou mais ficou. Então ao deixar invadir e tomar posse, tudo se desata e já não a mais forças, se abalam. Hoje por mais que a saudade bata, por mais que o desespero chegue a trastornar o encaixe não sera o mesmo, pois ali um se quebrou e esta sem concerto. Uma tentativa, uma oportunidade que tivemos a chance de viver, mas que como outras hoje ficaram lá atrás creio que esse também ficara. Não por vontade mais e sim por não aguentar mais. Orgulhe-se a coragem nos fez chegar ate aqui em meias palavras, assim como começou. Da ironia e do sarcasmo se fazia um gosto nosso de encarar as situações, um tanto menos cliché, mais próprio. Em fim, entre passos lentos e rápidos, entre tropeços, ainda a muito que aprender mesmo com caminhos opostos. Tudo se conclui no vago desconhecido e talvez numa melodia triste. Acredite um dia tudo foi escrito é só olhar bem e ver. Já sabíamos.

Nayara Alvim.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Lá esta

Esses picos de humor que me destabilizam completamente, a alguns meses eu ainda estava bem. Controlada e realista, mas de uns dias para cá andei materializando de mais os meus sonhos, ocupando-os mais do que deveriam. Estou me acostumando com uma vida que não é minha.
Não ando mais suportando ficar a frente comigo mesma, sem algo para me distrair ou preencher, uns surtos que mal sentido tem. Antes eu conseguia projetar uma casca bem firme que me impedia de sofrer qual quer abalo bobo, me mantinha forte e estável. Só que de tanto me perder, de tanta revolta ocupei meus pensamentos com outros sentidos e me esqueci desse lado. Hoje vejo o tanto que errei, o tanto que eu me machuco em achar que sendo assim é ser algo bom. Pelo contrário, isso me torna fraca e pior visível aos olhos nus. O que sempre temi, o que sempre fugi, se tornou real. Escapou dos meus ideias e agora estou aqui sem saber o que fazer.
A mania de achar que sera meu aquilo que defino pertencer a mim por si tornar importante, único, especial. Quanta besteira! Nada nem ninguém pode pertencer a alguém. Então a partir dai volto a razão e a concordância de "viver cedendo". Uma hora sei lá, devo cansar de tudo e voar para longe. Soltar o espirito e achar a luz, a paz. O esplendor não sera assim mais tão distante. Quem procura acha, olhe as estrelas e lá estará... talvez, talvez outras vidas.

Nayara Alvim.

terça-feira, 5 de junho de 2012


Ate quando sera não?

Mais uma vez volto no lugar onde parei, depois de tantos rodopios, perdições, idas e vindas aqui estou eu. Dessa vez mais experiente e talvez mais madura, mas com as mesmas vontades. Nesse vai e vem tive que abrir mão de alguns ideias na proposta de que talvez eu pudesse encarar tudo de uma forma diferente, ate mesmo mais fácil. Só que hoje eu vejo que isso não significou nada relativamente, afinal eu sempre procuro a mesma coisa e nunca consigo. Eu fujo de problemas por falta de forças, enfrento alguns por coragem e precisão, mato um leão se possível para ver alguém que eu queira bem. Passo por cima de muita coisa, ignoro e sigo em frente. Acontece que não é bem assim, as vezes o medo me embala por inteira e não a nada que tente os afastar. Eu acabo me dando por vencida e assim vou me perdendo aos poucos. Não sei se o que escrevo é algo que relaciona o que eu espero por vir, por algo que esteja acontecendo ou ate mesmo o que se passou. É mais uma mistura de tudo, procuro a dor porque me falta escrever e isso é um vazio horrível e ela também, vem ate sem eu ver.
Dentre conversas que eu já tive tentar entender o próximo que nem sempre é possível, pois é sempre necessário esquecer e deixar para lá, evitando mais sofrimento e o senso hipócrita.
Eu aqui nem sabendo o que escrever, o que falar, vazia de versos e conspirada com o proibido. Caso continue assim, desejo que as atitudes mudem e tudo se transforme, dando ao meu mundo uma mudança. A mudança que sempre peço. Algo bom, algo do bem, algo como dar alguém o que também não tenho. Felicidade.


Nayara Alvim.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Distante

E de todas as manhãs hoje foi diferente. Levantei da cama sem saber se havia mesmo dormido ou desmaiado. Meus olhos estavam inchados e doloridos sem motivos, meu corpo estava doendo, senti fraqueza e qual quer outra dor que pudera imaginar. Sei que tudo doía, mal conseguia raciocinar. Trocando alguns passos, deixando meu corpo levar por ele mesmo e fazendo o que precisava ser feito.
O caminhar do dia foi apenas como uma melodia. Do seu tom mais grave a sua passiva tranquilidade. Me fazendo refletir dano pós dano, ato por ato. Era um filme que passava pela minha mente, sem imagens nem som, apenas mensagens. Frases soltas, palavras chulas, o reconhecimento de tudo. 
Se passara minuto a minuto e eu apenas roçando minhas mãos uma na outra e sentindo toque por toque como um espeto que me cortava. Sei que por onde olhava era oco, distante. Vai ver eu nem estive ali, provavelmente mais um sonho e logo eu acordaria. 
Encontro-me sem rimas, sem ideias, sem pensamentos concretos. Minha mente esta anestesiada e meu corpo cansado. De vivo encontro sentimentos sobrevoando as barreiras, chegando aos estremos. Não sei o que deve ser dito, o que sera previsto, o que vira para frente. Afinal me encontro oca.

Nayara Alvim (Sombras Outonais).

domingo, 29 de abril de 2012

Conversa a botas batidas

- Não gosto disso.
- Não gosta disso o que?
- Essas coisas que você escreve.
- Essas coisas que eu escrevo?
- É essas coisas tristes.
- Ah...
- Porque?
- Porque o que?
- Porque sempre triste?

Nayara Alvim.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Paz

Como um campo no alto da colina que um dia vi quando pequena, senti aquela sensação. Liberdade, paz, tranquilidade. Ali estava segura, afastada de todo mal, de todo fim. Agregada a direta mudança, era possível que visse claramente. As pétalas acompanhavam o ritmo em que a brisa corria, sacolejavam a mais bela dança, vistas com os olhos nus era puro, natural. A sensibilidade me tocou naquele momento, meus pés imploravam para ser soltos, queriam voar pelo momento, embarcar no tempo e parar.
Jamais me esquecerei daquele dia, foi a primeira vez que me encantei com o infinito azul. Refletido de várias cores, era possível que mais tarde teria se formado um arco-ires. Os pigmentos de todos os tons que jamais conseguirei descrever, imundaram meus olhos a mais bela emoção. A perfeição diante de meus olhos como seria possível? A partir dai todos os dias em que a lua pairava no céu na mais incrível forma, no contorno arredondado e extremamente grande eu a implorava para que um dia talvez ela me levasse, me tornaria luz e obscuro, arte que não se toca, apenas aprecia.
Ate então os dias se passaram, meses, anos. Foram-se calos e cortes, cicatrizes permaneceram, nada que não pudesse gerar dor. Mas a quietude de tudo me estranhou, veio você e abrangeu todas as feridas, me esqueci delas e simplesmente sessaram. Palavras na mais estranha forma, me senti presa a todo meio, finalmente me sentia presa a vida e tudo que pudera acontecer.
Esta como muitas noites por meus pensamentos rondaram um sonho bom, a imaginação deixou de afligir e a consciência de pressionar. Eu e você encontrando nossos dedos timidamente, selando o laço que se fortalecerá, um toque, nossas mãos se uniram. O brilho das estrelas iluminando nossa noite e a lua deixando o encanto a vista. A expressão de alegria apareceria em minha face, visto ali um sorriso verdadeiro. Meus pés formigando com tamanho nervosismo, um, dois, três suspiros.
Seriedade. Você me transmite isso. Suas mãos avermelhadas transpirariam o nervosismo. Talvez você esquivasse o olhar e assim meu sorriso se alargaria ainda mais. Meus dedos calmamente encostariam em sua face, não sei, essa vontade de lhe tocar, tomar por posse ao menos entre segundos. De alguma forma aconteceria, não é possível descrever quem agiu primeiro, mas logo depois nos vejo abraçados, nos tornando apenas um. Exalando o teu perfume, sentindo teu coração bater, acompanhando a sua respiração. Novamente me encontraria em um momento de paz, "ali estava segura, afastada de todo mal, de todo fim". Eternizaria tal momento em minha memória e acobertaria em meu coração a sete chaves.
Já não me encontro mais ciente de nada, se perder nunca é o bastante é sempre preciso mais. Felicidade ao menos em segundos valeria a pena por tudo, por tudo que passaríamos.

Nayara Alvim.

terça-feira, 17 de abril de 2012


Coração é terra que ninguém vê

Lindo demais
Coração é terra que ninguém vê

Quis ser um dia, jardineira
De um coração.
Sanchei, mondei- nada colhi.
Nasceram espinhos
E nos espinhos me feri

Quis ser um dia, jardineira
De um coração
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
Nada criei.

Semeador da parábola...
Lance a boa semente
A gestos largos...
Aves do céu levaram
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
Na terra dura
Da ingratidão.

Coração é terra que ninguém vê - diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho, - teu coração.
Bati a porta de um coração.
Bati, bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
Foi o que encontrei.

Cora Coralina (1889-1985).

sexta-feira, 13 de abril de 2012


Utopia

Aperto no peito, coração aflito, pressentimento ruim.
Rente todos os acontecimentos te vi chegar de repente, invadindo minha vida num piscar de olhos. Luz branda e pura, algo que tanto me encantou. E toda essa vontade de cuidar, de proteger se destacou a dias passados. Diferente. Provavelmente algo como sentir o que viria, me preparar, seria mais uma barreira difícil. 
Como toda e qual quer ignorância de sempre, ergui-me do mais fundo dos poços, eu estava voltando. E tal alma doce e singela mal me aguardava chegar ou talvez o acaso agiu nos dando essa impressão. Estonteante de mais. Paradoxo criado a junção de facetas desconhecidas, de sonhos escondidos, da verdade mal contada. Expressas ali palavras soltas ao sentido que criávamos.  Reconhecimento de almas, uma relíquia quem sabe. 
Avisos foram ecoando sob nossos ouvidos ao darmos passos e mais passos, se perder depois da trilhagem marcada, a de ida com volta. Ultrapassamos tal linha, perdição, medo, utopia. Já não se era mais possível voltar. Juntos ou separados? união ou esquecimento? Sim arriscamos alguns passos juntos. Felizes assim mesmo debaixo de um abismo. 
União dos corpos celestes, da ação das estrelas e das fases da lua, assim como algo tão desconhecido, nós, se perdeu. Passado, presente e futuro agindo em nosso meio com alfinetadas que não se consegue esquivar, sempre nos cobrando certeza, força e união. Mas sabemos que não possível. Corte.
Veneno que me atira no chão, que derruba esperanças, sonhos, é avassalador, torturante. Assim como me atenta ao novo e aquilo que mais desejo, me trás algo bom, marcas, sorrisos, felicidade incerta.
Linha que marca parte de uma história que sabe lá se já existira, nos rompe com nossos medos guardados. A vontade da fuga e o desejo de ficar se chocam e nos esgota. 
Um jogo, uma prova. Teste que a vida nos colocou frente a frente. Virá pontos, virgulas, continuação e mais parágrafos ou talvez apenas um fim.
A resposta vem a mão, não sera possível voltar, nunca será, mas do que importa? Se resolvemos arriscar.


Nayara Alvim.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Não peça mais

Ousares atravessar os limites marcados por mim, não tente voltar, pode não ser mais possível. Se de minhas atitudes lhe magoar, jogue em minha consciência um balde de água fria não me importarei. As mágoas correram por essas bandas, a raiva ultrapassara limites, trocara alguns passos e quem sabe pode se perder. Acredito que não estava ciente disso, então lhe aviso, nada é fácil, nunca foi. Queres respostas? Engula as perguntas e tente se comodar com o que sabe, lhe garanto é melhor assim. Fugiras da estaca por tempos para se atirar em uma cova funda e vazia, lhe ofereço minha mão apenas isso, quero lhe ver de pé, quero ver-te sair da imensidão sem fim. Não peça mais, não tente mais do que isso. Tranque seu coração a sete chaves e o deixe longe de mim, bem longe. Posso rouba-lo e não querer devolver.

Nayara Alvim.

segunda-feira, 2 de abril de 2012


Sou a ponte


Uma ponte sempre uma ponte,
Um rio traiçoeiro repleto de pedras escorregadias e perigosas,
A ultrapassagem parece ser impossível, mas alguns conseguem.
É preciso ser forte.
A um atalho, um lugar onde poucos conseguem encontrar.

Ponte que interliga as duas pontas do rio deixando a travessia mais tranquila e exorbitante,
Podendo assim admirar a paisagem e aproveitar tal momento tão mágico ao lado de alguém,
O seu alguém, o alguém que escolheste.


Me vejo de repente diante desse rio sem saber o que fazer, perdida, com medo.
O medo não cessa dentro de mim, o coração disparado, sinto que vou desmaiar.
Comecei assim, uma pedra um pé, para facilitar o próximo passo pulei uma e pronto, me dei de cara com um deslise.
Caminho errado, neste era preciso pular a longa distancia, ainda era mais perigoso.

Tempos se passaram e eu ali presa a encruzilhada de pedras e a água escaldante batendo sobre meus pés.
Meu corpo já se encontrava frio, roxo, estava perdendo as minhas forças,
Só não sabia se era pelo medo ou pelo tempo em que eu já estava ali.
E então eu saltei, saltei com todas as minhas forças, nos meus sonhos,
Pois mal meus pés saíram do chão e eu cai, cai como um cascalho.
Um grito com todas as minhas ultimas forçar, a dor se espalhou e eu me parti ao meio.

Estava acabada, destruída, não avistei ponte alguma, não fui forte o bastante quando precisava ser, não agi com coragem, fui covarde.
Me dei por fim, ate que senti sendo pisoteada por um peso três vezes acima do meu ou era eu que estava fraca de mais para aguentar?
Uma luz, um brilho encantador, imaginei que viste para me ajudar.
Sente que meu coração voltou a bater novamente e fui recuperando forças de onde eu mal sabia que tinha, fui me refazendo aos poucos.
Parecia mágico.

Mas que bobagem! Burra eu de acreditar que seria verdade.
A fortaleza de algo que parecia ser bom se escasso em pouco tempo.
Ampulheta rodava e marcava momentos que ficaste sobre mim e meu corpo deduzia que já não era desconfortante, estava anestesiada de mais para sentir a dor.
Assim que a luz se abortou em poucos passos entrando na escuridão e sumindo, sumindo para sempre.

A dor voltou como nunca, pude sentir tudo novamente, mas agora era pior.
Era de mais. As marcas que deixará causaste feridas que ate hoje não conseguiram ser curadas.
Não a como fugir pois não tenho mais forçar, não a como pedir mais, pois já me encontro sem fala, não a como fazer nada alem de esperar.
Foi assim que eu entendi, tanto tempo ali mergulhada no rio sem fim, eu, eu sou a ponte. Sou o elo que liga as duas pontas, só isso.
Jamais serei diferente, sempre assim, iludida, usada e trocada. Sou a ponte.

Nayara Alvim.

domingo, 1 de abril de 2012

Desculpe-me

Sabe quando você faz aquela besteira e que depois de dois segundos percebe que foi a coisa mais idiota que pudesse ter falado?
Sabe quando você luta para conseguir um espaço na vida de alguém com esforço e cuidado, assim que consegue uma brecha de toda a dificuldade que a pessoa coloca acaba se dando tão envolvida que quer proteger aquela pessoa de todo mal que pode de existir?
Sabe quando você gosta tanto de alguém e tenta privar ele de tudo só para o deixar melhor e descobre que foi a pior coisa que pudesse fazer?
Sabe quando você se perde no meio de tantas encruzilhadas e sai falando o que vem na cabeça?
Sabe aquele egoísmo de não querer partilhar nada que você quer com outras pessoas e percebe que não tem como não ser assim?
Ai depois de tudo você analisa a situação e percebe que você é que complica, você é que desdenha, você que faz nós sem saber desfaz-elos, é você que fere aquilo que mais deseja cuidar.

Nayara Alvim.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Questões


Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na existência de botões, alavancas, recursos afins que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente.

Ana Jácomo.

terça-feira, 27 de março de 2012

Sombras de esperança

Me diz que é certo esquecer, me diz que é certo fugir, se acobertar, fingir que esta tudo bem. Tentar se iludir dentre certas oportunidades, relavando ao magnifico, ao melhor para acobertar feridas e tapar buracos com a peneira. Não é certo, não é justo.
Em meus pensamentos o passado vaga dia e noite, rodopiando entre círculos e avessos. Sempre tão nostálgico. A luz da lua, o brilho das estrelas, o desabrochar do sol, o adeus no fim de tarde da luz que ilumina o dia, tudo, pertencente a uma corrente interligada aquilo que mais temo fugir.
As vezes, uma sombra aparece diante do túnel frio e escuro em que me encontro, o coração vai a mil, uma chance, uma nova chance, um novo alguém. Mas não, é sempre mais um perdido que veio se juntar a mim, sofre de saudade, de coração.
- Seja bem vindo?!
O sorriso da alma se acoberta novamente como se nunca estivesse estado presente ali, ela tenta adormecer com rangidos de dor, se rachando a cada instante seguido pela apreensão, por falta de forças. Ela não consegue ficar em paz, se libertar. Quanta é só tristeza.
Uma espera eterna daquilo que sabe se lá se existe, sabe se lá se deve procurar. Existente apenas na imaginação fértil de fiapos de uma criança que sobraste ali. Um mito apenas.
Mas sempre ali, em alerta, com o coração em pequenas pulsações, fraco ao canto da vida.
-Esperança é sempre a ultima que morre- disse o eco de meus pensamentos.
- Não dessa vez- disse o fraco coração.

Nayara Alvim

segunda-feira, 26 de março de 2012

A mesma trilhagem

No trecho da estrada de chão onde percorre um trem, sempre com a mesma trilhagem, os mesmo horários, ate dias combinados. Por dias ai, pudeste encontrar malabares, fugitivos ou ate mesmo certos perdidos. Cada um com a sua história, com teu meio de vida, segue em frente ali o mesmo caminho.
Encontros talvez podem ocorrer, trocas de ideias e comentários de experiencias difíceis, na hora de dor se torna um grande amigo. E sempre, sempre a mesma trilhagem. O barulho do trem serrilhando os trios, a fumaça expandindo pelo ambiente, pessoas aflitas a chagada ao lugar, o mesmo caminho.
Por mais que tentaste fugir, tentaste ir além ou ate mesmo retornar alguns passos, não haverá como fugir. Esta marcado ali com a presença de sua alma que segue diante dos caminhos de seu coração, de sua maneira, independente de qual quer vontade. É sempre ali, o mesmo caminho em que deve se seguir.
Passado marcado ao longo da vida, entre eles se vê desvios, erros, paradas e descanses. Corpos cansados, seguiram descalços ao longo andado, se ferem mais. Corpos vivos, repletos de esperanças e fé, mais sedentos.  Corpos, corpos, corpos... Diferentes almas, não importa, não a como fugir, é sempre assim o mesmo caminho...

Nayara Alvim.

domingo, 25 de março de 2012

Quando entregue aos maiores excessos, sentiu em sua alma aquela singular vibração que o fez voltar a si e compreender que a felicidade estava alhures, que não nos prazeres enervantes e fugitivos. 

Autor Desconhecido. 

Doses

Uma, duas, três mil doses.
Eu preciso. 
Porto seguro, minha ponte, uma chance.

Laços inquebráveis, nós cegos.
Preso a costura da vida em que nos uniu. 
Tamanha dependência.

Uma dose por favor.
Uma dose de você, do seu carinho, do seu amor.
Uma dose de toda sua ignorância, de sua insegurança.

Desapegar, me desprender.
Naufrago de vidas bem vividas, feito de amores concretizados. 
Rio em que atravessasse durante a dor. 

Uma, duas, três mil doses.
Eu preciso.
Passado, presente, futuro sabe se lá. 


Nayara Alvim.

domingo, 18 de março de 2012


Poço de insegurança

A encruzilhada da vida é algo que nunca conseguirei dar por acabado. É feito de remorso, dor, destruição. É se perder várias vezes para ter a obrigação de se achar novamente, ou melhor tentar se achar. Porque a tempos que não se é possível.
Feita de mudanças repentinas,de um terrível passa tempo. Nos ilude com o bem, dando nos em troca o mal. 
O poço onde me atirar-te várias vezes esta cada vez mais fundo, traiçoeiro. É tudo tão tenebroso.
Não é percebido mudanças de boa fé, apenas vejo alavancas que desdém os pobres sentimentos. Que insiste em quebrar cada pedacinho do que é chamado de coração. 
A questão já não é mais querer e sim conseguir suportar, a esperança se escassa a cada instante. O fim e o começo de tudo, começa com dor.
- Chorar 
- O que?
- Se tornou um gosto. 


Nayara Alvim.

A flor do sonho

A flor do sonho, alvíssima, divina
Miraculasamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína...

Pende em meu seio a haste branda e fina.
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!
Milagre, fantasia ou talvez... sinal.

Ô flor, que em mim nasceste sem abrolhos, 
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti!

Desde que em mim nasceste em noite calma, 
Voou ao longe a asa da minha alma
E nunca, nunca mais eu me entendi.

Florbela Espanca .

sábado, 10 de março de 2012


Você pertence a mim

É o eterno cliché, você, eu, sonhos, pensamentos, delírios e lembranças.
Olhar para o céu, enxergar o brilho do luar , ver de longe pontos brancos e azuis marcando todo o caminho, e lembrar, lembrar de você.
Caminhar a distancia, sem trilhagem, sem destino, você.
Ficar em silencio, com pensamentos tortos, questões e duvidas insanas, você.
Enxergar os arredores o familiar, correr ate me cansar com toda e qual quer esperança, um encontro, um reencontro de nossos corações, ate mesmo me enganar, talvez você.
Falar paralelamente sem ponto e nem virgula, depois um silencio e uma gargalhada evacuando o lugar quieto, você.
Ler o que se trata de amor, escapar de meus olhos a marca da saudade, você.
Noites perdidas de sono, marcas nos olhos do cansaço e da exaustão, choros repentinos a qual que instante, você.
Sarcasmo, ironia, piadas e sorrisos, você.
Tanto tempo se passara e nada mudou, marcas em mim fora deixado, o que se viveu se tornou concreto.
Não morreu, não acabou, não se passou, permanece vivo a todo instante. Você. 


Nayara Alvim.

terça-feira, 6 de março de 2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

O que passou

Hoje acordei com gosto de guardado. Fui invadida pelo tempo que passou. Quase podia tocar a neblina suave da nostalgia do momento. A tarde andei por ruas nubladas e cobertas de poças e buracos. Estranhamente pude ver beleza naquela imagem. Lembrei de quando eu (aqui sim) era a moleca que corria e via o mundo com os olhos imaginantes de criança. E as velhinhas nas calçadas, com cheiro de tempo vivido, me convidavam com os olhos a pedir um colo de avó. As ampulhetas de minha alma naquele domingo, pareciam ir e voltar como se, indecisas, não soubessem que rumo tomar.

Mariana Andrade.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Sinto você

Eu ainda sinto sua presença.

Você, sensações, sentimentos.

Sinto você em minha respiração, em cada canto em que olho, em uma folha caída no chão debaixo do arbusto seco.

Sinto você em um pedregulho encontrado jogado ao nada. Em uma brisa que acoberta a mudança dos ventos.

Sinto você em desejos, em saudades, em lembranças, lembranças bem vividas.

Sinto você no futuro, aguardando com o coração na mão, doente, com baixa palpitação. Perdidamente apaixonado e pronto para ser amado novamente.

Sinto você no perdão, em momentos, em mensagens recebidas. Em pensamentos passageiros, em sonhos constantes.

Sinto você por onde olho, por onde vivo, pelo que vivo.

Sinto você em minha imaginação, em ilusões rotineiras, em apelos desesperados.

Sinto você em uma melodia distante, um canto amoroso e doloroso. Dor e amor, quanto clichê!

Sua presença, o seu aconchego, suas palavras, seu carinho, tudo tão natural, tão irreal.

Ilusão, vontades, perdição.

Não se trata de uma escolha, de uma opção e sim de uma situação em que a vida nos embriagou.

Sinto sua presença, sinto você, comigo agora.

Nayara Alvim.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

E mesmo com toda alegria o sombrio da saudade nunca se afasta. Não se dilui, permanece a dor estridente e doentia, bate bate coração, fere sua alma e leve todas as esperanças.


Nayara Alvim.

sábado, 18 de fevereiro de 2012


O bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos

Quando achava alguma coisa,
Não examinava, nem cheirava.
Engolia com veracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato

O bicho, meu Deus, era um homem.


Manuel Bandeira.

domingo, 12 de fevereiro de 2012


O amor acaba

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio.
Acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar.
De repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas.
Na acidez da aurora tropical, depois duma noite voltada à alegria póstuma, que não veio.
E acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuto como dois polvos de solidão. Como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado.
Na insônia dos braços luminosos do relógio.
E acaba nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos.
E no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão.
Às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres.
Mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia.
No andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar.
No epifania da pretensão ridícula dos bigodes.
Nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas.
Quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar.
Na compulsão da simplicidade simplesmente.
No sábado, depois de três foles mornos de gim à beira da piscina.
No filho de tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores.
Em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto de desejo.
E o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir.
Em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero.
Nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada.
Em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba.
No inferno o amor não começa.
Na usura o amor se dissolve.
Em Brasilia o amor pode virar pó.
No Rio frivolidade.
Em Belo Horizonte, remorso.
Em São Paulo, dinheiro.
Uma carta que chegou depois, o amor acaba.
Uma carta que chegou antes, e o amor acaba.
Na descontrolada fantasia da libido.
Às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes.
E muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros.
E acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque.
No coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor.
E acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados.
E acaba depois se viu a bruma que veste o mundo.
Na janela que se abre, na janela que se fecha.
Ás vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo.
Ás vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido. Mas pode acabar com doçura e esperança.
Uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor.
Na verdade.
O álcool.
De manhã, de tarde, de noite. Na floração excessiva da primavera.
No abuso do verão.
Na dissonância do outono.
No conforto do inverno.
Em todos os lugares o amor acaba.
A qualquer hora o amor acaba.
Por qualquer motivo o amor acaba.
Para recomeçar em todos os lugares e a qual quer minuto o amor acaba.


Paulo Mendes Campos.



terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


Poesia

Veja, há poesia em cada pedregulho
em cada caco de vidro
em cada esquina mal iluminada
e em cada comercial de margarina.

Há poesia nos recados da telefonista
e nas atas de reunião da diretoria.
Há poesia no canhoto do cheque
e na fala do chefe

Há poesia nas solas de tênis gastas
e nas roupas sujas de graxa
Há poesia no trânsito caótico da cidade
e no colega de trabalho que puxa o seu tapete

A poesia, meu amigo
está sempre a se esconder
Ela flerta comigo
e eu tenho que escrever

Tereza Zambrini.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012


Felicidade

Não se acostume com o que não o faz feliz,
revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças,
Mas não deixa que se afogue nelas, 
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue,
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca.
Se o achar, segure-o.

Fernando Pessoa.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012


Sombras Ocultas

Será importante encontrarmos nossas sombras, para que possamos nos sentir plenos? Sera que a luz em excesso cega? Sem as sombras, a arquitetura da vida fica sem relevo. Podemos realizar essa viagem sem dramas, construindo prazer?

Moema Ameom 

sábado, 21 de janeiro de 2012

Ana e o mar

Estava pensando nas vezes que já abandonei o barco na hora de ter que sair da calmaria da baia e enfrentar o além-mar. Julgava-me inexperiente para guiar pelas estrela, fraca demais para remar contra a maré, inconstante demais para não enjoar e sempre optava por ficar. Agora, o mar novamente se aproxima e junto a necessidade de fazer escolhas. Estou muito assustada. E não é por temer os segredos e incertezas que se escondem no grande mar, e sim porque, desta vez, estou muito mais curiosa e inclinada a saber o que há do lado de lá...

Anaclara de Castro

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012


- Julieta minha querida pequenina, tão ingenua, doce, sofrida. O que decidiras?
- Nada que posso dizer. 
- Como assim?
- Amma a tempos que não comando minha vida, ou melhor deixei de acreditar que sou dona dela. Nela se vem, nela se vai. Ao tempo, destino, acaso, poder maior seja lá o que for, pertence, o que um dia pertencerá a mim. 

Nayara Alvim.






Petites Morts

A gente morre um pouco
Quando nasce, quando cresce
Quando muda, quando perde.

A gente morre quando
Vai embora, quando chora
Quando goza, quando dorme.

A gente morre sempre
A cada passo, a cada hora.

A vida é vã
A morte, enorme. 

Cairo de Assis Trindade.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

E de repente você acorda no meio da noite, chorando, implorando para obter sua vida de volta. A dor é devastadora, acaba com seu dia, sua semana, seu mês. A esperança escapa de suas mãos como moedas entre os dedos, simplesmente ao se refletir inúmeras vezes que isso ocorreu tem a resposta que sempre esta perdida, sempre estará.


Nayara Alvim.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012


Sinais

Pairada diante do céu nublado admirando os contornos das nuvens e atentamente observava a luz de várias formas condensar o céu no clarão. Luna não havia dormido essa noite, como ontem e antes de ontem. Em sua face marcava o que tanto ela teimava em não se importar, o cansaço. Luna estava a espera a dias, nebulosa talvez a inércia, não havia fome, não havia sono, apenas dor.
Vagava pelos cantos do rancho vazio e quieto. Era outono a brisa estava fria e as flores amareladas. A secura se destacava na pequena azaleia, pobre coitada com os galhos secos e sem cor, não era como antes, pelo contrário ela aparentava estar desgastada. Este frio rigoroso não é tão justo.- murmurou Luna.
Luna sempre dizia que o tempo era o melhor remédio, que nele a dor se vai e vem, que nele a alegria corre e a sorte passa pela forma de esconder, é preciso ter atenção. Luna a tempos já não sabia o que fazer, angustiada, aflita.
Com o contato na mão, lá estava escrito o que precisava para sua busca. Não havia muito o que confiar era arriscado de mais, talvez pensara que fosse melhor esperar, relaxar a mente e deixar fluir. Mas a tempos em que Luna esperava por isso, quando encontrará no armário de sua prima, na gaveta mais escondida e dificulta, presa com um cadeado no qual olhando ao seu redor com atenção rapidamente achou a chave e pronto. Lá estava. Ela havia escondido. Luna imaginou que certamente sua prima queria lhe poupar da dor. De forma agiu anotou tudo o que precisava, empurrando novamente a caixa a dentro e guardado a chave onde havia pego saiu as escondidas diretamente para o seu quarto. E assim se passaram dias, Luna ainda paralisada, mal sabia o que deveria ser feito. A dor trastornava seus sentidos, dificultava sua respiração, alterava seu humor e simplesmente concluía que nada fazia sentido sem seu amado, sem teu perdão.
Sabia bem que deveria seguir em frente, esquecer de tudo e tentar novamente. Mas no momento só desta questão aparentar em seus pensamentos era uma blasfêmia, Luna queria viver aquele momento, a perca do seu amor de forma brusca foi mesmo difícil, injusta. Aquilo pertencia sua vida aos seus momentos e ao tudo a seu redor.
Estava fim de tarde e Luna sentada sobre a cadeira maciça observava o horizonte tentando refletir e de alguma forma absorver tudo aquilo de forma mais clara, o que tanto estava estampado em sua frente aparentou a melhor saída, seu coração palpitou forte no momento em que uma folha caiu sobre seu colo, logo a reconheceu  da pequena árvore de azaleia próxima ali, o que foi estranho, pois todas as folhas se encontravam mortas e sem cor. A folha que caiu em seu colo não era comum, com um sombreado de verde claro sobre a cobertura do musgo da flor, sorriu internamente ao ver que ela lembrava a primavera, época de cor, liberdade das flores e a beleza tão esperada. De alguma forma veio como a resposta que tanto procurava para sua aflição, ela era única e com uma ou duas estações pela frente logo chegaria a hora, era preciso se preparar. Luna ergueu novamente o olhar para os últimos raios de sol que condensavam o céu naquela tarde, o sorriso chucho que estampava seu rosto angelical estava presente a esperança, ela havia retomado. Com uma simples folha que caiu em seu colo naquela tarde de angustia. A resposta veio em suas mãos.
- Se foi certo esse sinal tempo, seguirei o que me foi informado irei esperar.

Nayara Alvim.