quinta-feira, 26 de abril de 2012

Paz

Como um campo no alto da colina que um dia vi quando pequena, senti aquela sensação. Liberdade, paz, tranquilidade. Ali estava segura, afastada de todo mal, de todo fim. Agregada a direta mudança, era possível que visse claramente. As pétalas acompanhavam o ritmo em que a brisa corria, sacolejavam a mais bela dança, vistas com os olhos nus era puro, natural. A sensibilidade me tocou naquele momento, meus pés imploravam para ser soltos, queriam voar pelo momento, embarcar no tempo e parar.
Jamais me esquecerei daquele dia, foi a primeira vez que me encantei com o infinito azul. Refletido de várias cores, era possível que mais tarde teria se formado um arco-ires. Os pigmentos de todos os tons que jamais conseguirei descrever, imundaram meus olhos a mais bela emoção. A perfeição diante de meus olhos como seria possível? A partir dai todos os dias em que a lua pairava no céu na mais incrível forma, no contorno arredondado e extremamente grande eu a implorava para que um dia talvez ela me levasse, me tornaria luz e obscuro, arte que não se toca, apenas aprecia.
Ate então os dias se passaram, meses, anos. Foram-se calos e cortes, cicatrizes permaneceram, nada que não pudesse gerar dor. Mas a quietude de tudo me estranhou, veio você e abrangeu todas as feridas, me esqueci delas e simplesmente sessaram. Palavras na mais estranha forma, me senti presa a todo meio, finalmente me sentia presa a vida e tudo que pudera acontecer.
Esta como muitas noites por meus pensamentos rondaram um sonho bom, a imaginação deixou de afligir e a consciência de pressionar. Eu e você encontrando nossos dedos timidamente, selando o laço que se fortalecerá, um toque, nossas mãos se uniram. O brilho das estrelas iluminando nossa noite e a lua deixando o encanto a vista. A expressão de alegria apareceria em minha face, visto ali um sorriso verdadeiro. Meus pés formigando com tamanho nervosismo, um, dois, três suspiros.
Seriedade. Você me transmite isso. Suas mãos avermelhadas transpirariam o nervosismo. Talvez você esquivasse o olhar e assim meu sorriso se alargaria ainda mais. Meus dedos calmamente encostariam em sua face, não sei, essa vontade de lhe tocar, tomar por posse ao menos entre segundos. De alguma forma aconteceria, não é possível descrever quem agiu primeiro, mas logo depois nos vejo abraçados, nos tornando apenas um. Exalando o teu perfume, sentindo teu coração bater, acompanhando a sua respiração. Novamente me encontraria em um momento de paz, "ali estava segura, afastada de todo mal, de todo fim". Eternizaria tal momento em minha memória e acobertaria em meu coração a sete chaves.
Já não me encontro mais ciente de nada, se perder nunca é o bastante é sempre preciso mais. Felicidade ao menos em segundos valeria a pena por tudo, por tudo que passaríamos.

Nayara Alvim.