terça-feira, 17 de abril de 2012
Coração é terra que ninguém vê
Lindo demais
Coração é terra que ninguém vê
Quis ser um dia, jardineira
De um coração.
Sanchei, mondei- nada colhi.
Nasceram espinhos
E nos espinhos me feri
Quis ser um dia, jardineira
De um coração
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
Nada criei.
Semeador da parábola...
Lance a boa semente
A gestos largos...
Aves do céu levaram
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
Na terra dura
Da ingratidão.
Coração é terra que ninguém vê - diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho, - teu coração.
Bati a porta de um coração.
Bati, bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
Foi o que encontrei.
Coração é terra que ninguém vê
Quis ser um dia, jardineira
De um coração.
Sanchei, mondei- nada colhi.
Nasceram espinhos
E nos espinhos me feri
Quis ser um dia, jardineira
De um coração
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
Nada criei.
Semeador da parábola...
Lance a boa semente
A gestos largos...
Aves do céu levaram
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
Na terra dura
Da ingratidão.
Coração é terra que ninguém vê - diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho, - teu coração.
Bati a porta de um coração.
Bati, bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
Foi o que encontrei.
Cora Coralina (1889-1985).
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