domingo, 26 de agosto de 2012

(via: Sereia de Vidro)

Permitir

Você dizia:
-Eu não sei lidar.
Instintivamente, ergui o olhar de relance, mas logo senti o calor de minhas bochechas e meu corpo estremecer. Voltei timidamente a flertar o chão. E respondi:
- Eu também não.
O que em minha garganta fica presa em dar nós, o coração aperta e o vazio continua a aumentar. "Querer ouvir o que não tens a dizer". E ver que tenho tanto o que falar... Silenciar a não trazer tumultos nem dor. É loucura e pode ser doença, pensar que são sempre meias palavras. Por querer, querer ouvir. A resposta que não real.
-Então menina da cabeça de algodão, pare de sonhar.
- Mas eu não sonho.
- Delira.

Nayara Alvim. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012


Desde sempre, meu eu

  Quando o vazio abomina minha fobia sóbria e ingenua não a nada que cure meu pesar, vivencio ataques irracionais. Levada a loucura e ao desespero manjo o corpo parado, domino parte do espirito que falta de luz. Alma vivida e bem vivida, sofrida ao destino concretizado, nada se compara a idade, o passar de anos se tornaram décadas. Os calos e cortes aparecem no corpo cansado, exaustivo da transição. Ao olhar os confins dos horizontes mais distantes peço ao tempo que leve daqui a dor da inquisição, que monte pedaços de mim apague-me de memórias. Que distorça tecidos selados e nós gastos dificultados ao tempo passado, abranja-me com a paz espiritual.

Lori Duchannes.

domingo, 12 de agosto de 2012


Agora sem coração

Difícil mesmo é admitir fraqueza, um erro seu, uma escolha do tempo ou ate aceitar que a vida lhe deu cartas e cartas, ao inicio e ao meio te favorecendo com o que te fez bem. Mas te arrematando com o final do jogo mais traiçoeiro. O jogo que te mobilizou, lhe atirou ao nada, deixou sem chão. Mais uma vez bloqueou tudo. Avistava uma tela branca e uma conversa conturbadora, doía muito. Os olhos vidrados sem se quer uma lágrima brotou, mas por dentro tudo se quebrava em mil partes. Secou em mim e brotou um gelo, que escorria sem minha vontade. Escondia em mim a voz do silencio que queria gritar, a vontade do rio escorrer e soluçar, a força do corpo de se atirar ao chão. Se quietou por fora o que em mim não cabia mais. O caminho no qual foi escolhido a seguir se apagou, me vi transtornada sem saber como agir. Não avistava nada e mesmo hoje ainda não vejo. Sempre branco.
Ficara a ferida da saudade de tudo pleno, de quando havia sonhos, de quando havia planos e sorrisos doces a mensagem recebida e enviada. Trocas de postais as escondidas, falatório ao amanhecer, lágrimas e chateações apos briguinhas que mal duravam dias. A falta de sentir tudo, de ta com o coração preenchido e alegre. Com a expressão de boba estampada a quem quisesse ver. Os olhos com brilho, que em tempos se cicatrizava e também machucava. Um tempo bom, tempo leve e movimentado. Levado ao sentimento intenso e respostas não concluídas. Tudo sempre as esquivas do fácil, passos cercados de armadilhas em seguida de tropeços e quedas. Quedas nada simples, despenques de penhascos de decepções. Corações magoados que aclamavam pelo não e o sim, os que não desistiram ate o ponto do fim que jamais imaginei. Não da forma que acontecera.
O sentido da razão escapa da teimosia de se apegar ao fim não aceitado, uma parte de mim não esta aqui. A parte que procurei, a parte que perdi,  parte que se escapou sem nem eu ter percebido. Infelizmente a que se encaixou a alguém que me guardou por um tempo.
Um suspiro, pesado e triste. Eu perdi. Perdi pela rasteira da vida, perdi por me entregar, perdi por não me sobressair e esquecer por completo. Perdi porque confiei e depositei uma chance ao destino, que acreditei que seria bom. Perdi você para o mundo, paras mudanças. Perdi pela esquina que te aguarda com luz e um sorriso que não é mais meu. Perdi e não perdi o que se restara, chiche. Esperança.

Nayara Alvim. 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Calada

Sou toda uma explosão iminente, sou aqueles milésimos de segundo antes da explosão, mas não explodo. Calo. Às vezes, penso até que já nasci calada. O cordão umbilical foi rompido, a placenta, expulsa e eu, jogada no mundo. Calada. Não: optei pelo silêncio em vida.

Ludmila Rodrigues.